A atividade "O Sistema Periódico de
Primo Levi" foi dinamizada pelo Núcleo de Divulgação Científica em
parceria com a Biblioteca da escola, com o objetivo de homenagear Primo
Levi, como homem, escritor e Químico.
Da atividade destacamos:
- A leitura de uma pequena biografia de Primo Levi,
em português e em italiano, acompanhada com uma apresentação power
point ilustrativa do texto lido;
- A leitura de trechos da obra de Primo Levi “O
Sistema Periódico”, acompanhada, sempre que possível, com demonstrações
experimentais;
- Uma palestra proferida pela Dr.ª Paola D'Agostino,
nossa convidada e compatriota de Primo Levi, em representação do Instituto
Italiano de Cultura de Lisboa. A Dr.ª
Paola D'Agostino é escritora, tradutora e docente de Língua Italiana.
Publicou poesia ficção e ensaios, quer em italiano quer em português. Os
seus textos estão incluídos em coletâneas e revistas literárias em Itália,
Portugal, Brasil e Alemanha;
· A entrega de doze livros de Primo Levi, “Se Isto É Um
Homem”, “Uma das mais lúcidas e impressionantes visões dos campos de extermínio
nazis”, oferecidos pelo Sr. Roberto Bachmann, Presidente da Associação
Portuguesa de Estudos Judaicos. O Sr. Roberto Bachmann destinou especificamente
estes livros aos alunos que se destacaram nesta atividade bem como à Dr.ª Paola
D'Agostino, à Biblioteca da escola e à Biblioteca Municipal de Mafra. Face
à impossibilidade, deste nosso convidado, de estar presente na atividade
os livros foram entregues pela Diretora da Escola Dr.ª Perpétua Franco.
Participaram na atividade os alunos Vincenzo Polese,
um aluno italiano que este ano frequentou a nossa escola, Bernardo Pedroso,
Carolina Velez, Catarina Baleia, Mariana Ribeiro, Simão Silva e Diovanna
Patrício.
A reportagem fotográfica foi efetuada pela aluna
Mafalda Pires, a nossa repórter "oficial", desta vez acompanhada pela
colega Filipa Gregório.
Para recordar deixamos um vídeo com algumas fotografias.
Apesar de ser um pouco extensa não
resistimos a publicar a biografia de Primo Levi que foi lida na atividade. Pois
acreditamos que, uma vez iniciada a leitura, será difícil não a concluir ....
Primo Levi, descendente de judeus
piemonteses originários da Provança e de Espanha, nasceu em Turim, a 31 de
janeiro de 1919. Primo frequentou o Liceu de Azeglio, estabelecimento conhecido
pelos seus professores e alunos opositores ao fascismo, local onde se revelou
um aluno tímido e trabalhador, mais interessado pela Química e Biologia do que
pela História e pelo Italiano. Foi neste liceu que teve como professor de
Italiano Cesare Pavese, outro vulto incontornável da cultura italiana.
Em 1938 inscreveu-se em Química, na
Faculdade de Ciências da Universidade de Turim, tendo obtido o Doutoramento em
Química, com menção e felicitações do júri em 1941. No seu diploma consta a
menção “De raça judaica”. No entanto, nunca foi vítima da menor atitude racista
por parte dos outros estudantes que, segundo ele, viam apenas nas leis raciais
a expressão da estupidez e da crueldade do regime.
Após a queda do governo fascista e da
prisão de Mussolini, em julho de 1943, o exército alemão ocupa o norte e o
centro de Itália. Primo Levi junta-se a um grupo de resistentes que atuam no
Vale de Aosta, acabando por ser preso, com outros camaradas, na manhã de 13 de
dezembro. É internado em seguida no campo de concentração de Carpi-Fossoli. Em
fevereiro de 1944 os alemães assumem o controlo do campo de Fossili e organizam
o envio para Auschwitz de um transporte de presos, entre os quais está Primo
Levi. Após onze meses em Auschwitz é transferido, pelo Exercito Vermelho, para
Katowice, um campo de trânsito soviético, onde trabalha como enfermeiro.
Em junho de 1945 inicia a sua longa e dura
viagem até Itália que se prolonga até outubro, seguindo um itinerário
extraordinariamente complicado: Bielorrússia, Ucrânia, Roménia, Hungria,
Áustria … Esta odisseia será relatada no livro A Trégua.
Numa Itália devastada pela guerra e ainda
sob o efeito da sua experiência, escreveu febrilmente Se isto é um
homem, cujo manuscrito foi recusado pelas Edições Einaudi. Mais tarde, dirá
que Auschwitz foi a sua “verdadeira universidade”.
Em 1947 casa com Lúcia Morpurgo, de quem tem dois filhos. Após a sua consagração com escritor a sua vida é claramente dividida em três campos: a família, a fábrica, onde trabalha como Químico, e a escrita.
Primo Levi visita duas vezes Auschwitz. Em
1965, no âmbito de uma cerimónia comemorativa polaca, e em 1982, onde vê pela
primeira vez o memorial de Birkenau, o campo de Auschwitz que continha as
câmaras de gás.
No ano da sua morte, 1987, e no âmbito da
polémica sobre o revisionismo histórico na Alemanha, Primo Levi intervém num
artigo publicado em La Stampa a 22 de janeiro, “O Buraco Negro
de Auschwitz” onde insiste sobre a especificidade dos campos de extermínio nazi
em relação a outras políticas de deportação maciças, tais como as praticadas na
União Soviética.
Por acidente ou suicídio, morreu a 11 de abril de 1987, após cair no vão da escada interna do prédio onde vivia.
Adaptado de Primo Levi: O dever da
memória, (1997). (E. Mucznik, trad.)
Porto: Livraria Civilização Editora
Vídeo da apresentação power point que
acompanhou toda a atividade.
A COMPONENTE EXPERIMENTAL (algumas imagens)
Sódio - reação com a água
Zinco - reação com o ácido clorídrico
Destilação
Eletrólise da água
Acidificação da água pelo dióxido de carbono
A PALESTRA
A Dr.ª Paola D'Agostino ofereceu-nos
uma palestra magnífica, falou-nos da Itália daquela época, da resistência, dos partigiani (soldados, homens e mulheres simples, de diferentes pensamentos políticos que tinham como objetivo comum o antifascismo e a luta de Resistência. Graças a eles e à sua coragem a Itália foi libertada) e da
belíssima canção Bella Ciao.
Numa intervenção carregada de poesia, falou-nos também de
Primo Levi citando frequentemente o escritor:
«Sobrevivi graças a uma combinação de raras
coincidências afortunadas: nunca adoeci, recebia comida de um operário italiano
«libertado», nos últimos meses pude aproveitar a minha qualidade de químico e
trabalhar num laboratório da imensa fábrica em vez de trabalhar no meio das
lamas e da neve: ainda, conhecia um pouco de Alemão, e esforcei-me por aprender
essa língua o melhor e mais rapidamente possível, porque percebera o quão
necessária ela era para nos orientarmos no mundo complicado e cruel do campo de
concentração.»
“Mas ao entrar no campo literário enquanto químico, estava
também a cumprir uma promessa. À minha profissão devo a vida. (…) A
licenciatura em Química, terem-me colocado com o meu nome de então, ou seja,
com um número, no organigrama da fábrica de Buna (…) protegeu-me das «seleções»,
porque enquanto químicos éramos «formalmente úteis»
«Acrescento que o meu modelo de escrita é
o relatório que se faz nas fábricas ao fim de semana. Claro, essencial,
compreensível para todos. Parecer-me-ia uma grande ofensa para o leitor
apresentar-lhe um relatório que ele não pudesse entender. Acho justo
transmitir-lhe a maior quantidade possível de informação e de sentimento.»
Obrigada Dr.ª Paola D'Agostino!
Obrigada Vincenzo Polese, Bernardo Pedroso, Carolina Velez, Catarina Baleia, Mariana Ribeiro, Simão Silva, Diovanna Patrício, Mafalda Pires e Filipa Gregório!
Mais uma vez o vosso entusiasmo e excelente trabalho permitiram a concretização de uma atividade, dinamizada por este núcleo.
Mais uma vez o vosso entusiasmo e excelente trabalho permitiram a concretização de uma atividade, dinamizada por este núcleo.
Obrigada Sr. Roberto Bachmann!
Como disseram os alunos o senhor foi uma inspiração
Finalmente gostaríamos
também de agradecer à Dr.ª Luisa Violo, Diretora do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa e Adida Cultural da Embaixada de Itália, a
simpatia e disponibilidade que manifestou, desde o primeiro momento em que por
nós foi contactada, em colaborar nesta atividade.
Concluímos com um vídeo da versão partigiana da canção Bella Ciao.